Incompletude
- Cecília Castro Gomes
- 11 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de mar. de 2021
Podemos tentar todas as formas, lutar com todas as forças e ainda assim estaremos diante da única verdade absoluta: a vida não pode ser compreendida em sua totalidade.
Vivemos uma realidade onde somos levados a acreditar que somos capazes de tudo se quisermos. Depende somente da nossa força de vontade e blá, blá, blá. Não é sobre esse terreno que eu caminho, pelo contrário. Conheço os meus potenciais, mas também reconheço as minhas fraquezas, vulnerabilidades e limitações, internas e externas. Sei que, por mais que eu queira muito algo, se isso estiver fora do limite da minha capacidade atual, não darei conta, só insistirei até virar uma teimosia, deixando o tempo me distrair para deixar de focar no que eu realmente conseguiria fazer a diferença para mim mesma e para os outros.
Veja, não estou aqui dizendo para você não se esforçar para mudar uma situação, mesmo que ela pareça impossível. Eu quero mesmo é abrir possibilidades de que talvez realmente o que você quer esteja no lugar do impossível, pelo menos temporariamente. Digo isso, pois também acredito na temporariedade de tudo que nos cerca. Logo, se algo me parece inalcançável hoje, amanhã poderá se tornar mais provável, a partir do resultado do movimento que a própria vida faz.
Mas então o que fazer? Como saber se ainda está fora do meu alcance ou se já se tornou algo dentro do que eu posso dar conta?
Você poderia amar se eu listasse aqui 5 passos para reconhecer os seus limites, mas eu não farei isso, pois você mesmo(a) precisa construir recursos e ferramentas próprias para usar no seu terreno. O que serve no meu, provavelmente não servirá 100% no seu.
O que eu posso afirmar é que a construção dessa consciência de si é muito importante, é essencial e é a grande chave para a compreensão de quase tudo. Sim, quase. Porque a vida é muito.
Antes de querer compreender a vida, é importante reconhecer a vida que há em você e é de dentro para fora que as coisas acontecem. A vida está em movimento, você também. Não conseguiremos jamais chegarmos em um nível de conhecimento sobre nós mesmos e sobre a vida onde poderemos afirmar que sabermos tudo. Nesse dia, estaremos mortos, ainda que estivermos respirando. Sobre isso, gosto de lembrar da frase do psicanalista Donald Winnicott que dizia: “Eu quero chegar vivo na hora da minha morte”.
Nos colocar como eternos aprendizes da vida nos coloca em um lugar mais leve e de entusiasmo, criatividade e até mesmo motivação. Quando achamos que sabemos tudo sobre algum assunto, tendemos com um tempo a abandonar aquilo, subestimar novidades vindas daquilo, é como se estivesse acabado o encanto, morrido. Viver assim é triste e sofrido.

Se você tiver chegado nesse ponto e quiser ir além dele, procure ajuda de um profissional qualificado para caminhar com você nessa jornada e nunca se perca de vista.







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