A saúde que adoece
- Cecília Castro Gomes
- 26 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Tenho observado cada vez mais o surgimento de marcas de produtos ou serviços voltados para uma vida saudável, acompanhados de quem os divulgam, pessoas famosas, com uma aparência impecável, dentro de todos os padrões esperados pela sociedade.
Eles falam sobre beleza, mas juram que falam sobre saúde. Mostram as suas rotinas incríveis de exercícios físicos, leituras incessantes, alimentação equilibradíssima, além das pausas obrigatórias para meditação. Não posso esquecer de mencionar os inúmeros procedimentos estéticos que visam o bem estar e o equilíbrio, mas que jamais poderão ser confundidos com a hipervalorizarão da beleza e a incansável busca por ocupar um espaço no palco dos aceitos, sem falar no retorno financeiro com as famosas "publis".
Comecei a acompanhar alguns desses influenciadores nas redes sociais e percebi o quanto as pessoas estão sendo adoecidas justamente por quem oferece "saúde".
Estamos diante de uma demanda por sermos saudáveis e equilibrados, que está nos aproximando cada vez mais da doença e do caos. Sigam essa dica, apliquem esse método, comam essa comida, façam esses exercícios, leiam esse livro, e por aí vai. Não tem sobrado tempo para construirmos as nossas próprias escolhas, para sermos e agirmos de forma autêntica.
A autenticidade tem a ver com o conhecimento do que nos move, a compreensão dos nossos próprios limites e a busca pelo aprimoramento desejado e não o terceirizado. Se não parte de um desejo real, como pode ser sustentado por um tempo considerável? Não dá! São dietas que não dão certo, planos de academia pagos sem frequentar, roupas, acessórios, sem usar, livros lidos não muito além da introdução...
Mas o desejo é colocado como sendo nosso e acreditamos mesmo que seja, por isso acolhemos e lutamos tanto por ele, mas fracassamos, não damos conta e nos frustramos. Saímos piores do que entramos. Sofremos sem nem sabermos o motivo.
Mas por que será que eu não conheço o meu desejo e o realizo, afinal?
Muitas vezes, conhecer, aceitar e realizar o próprio desejo é bem trabalhoso, pois pode mexer com questões sociais, culturais, econômicas, familiares, religiosas, e podemos não ter estrutura suficiente para bancá-lo, lidando com tantas possíveis consequências. Então, deixa-se de lado, ignora-se e leva-se uma vida fazendo de conta, desejando e realizando o que for mais fácil, aceito e saudável aos olhos da maioria, não necessariamente o que for meu de fato.

A análise proporciona chegar a esse lugar, onde habita o desejo real, aquele que tem nossa assinatura, é de nossa autoria. É sobre esse desejo que haverá a possibilidade de investimento da energia de vida para se realizar, uma vez sendo possível ou ainda ajustar para que possa ser realizado de uma forma mais segura e possível.
Tem alguma dúvida sobre esse tema? Deixe nos comentários ou entre em contato pelos outros canais.
Um abraço e até a próxima.



